domingo, 14 de abril de 2013

O Amor e a Relatividade

Julie e Robert se amavam. Se apaixonaram em algum lugar, em algum verão. Tudo seria perfeito, eles estariam sempre juntos e atravessariam o mundo em busca de aventuras. Ela seria a vilã, e ele o herói, porque todo esse papo de príncipe e princesa é chato demais, coisa de gente sem fome de emoção. [...]
Eles estavam bem, até que o herói virou vilão por uma noite e ele foi obrigado a assumir uma casa, uma esposa e um filho, enquanto a vilã virou mocinha, ficou perdida e um dia foi encontrada por alguém, um cara meio sem sal, mas que a amava e a fazia sorrir sem pensar. 

Assim a vida os afastou, pegou-os pelas mãos e separou os seus caminhos. Um dia na chuva eles se veriam no meio da rua, e correr um para o outro era tudo o que iriam querer. Mas não fariam, pois suas vidas não andariam juntas outra vez, e eles sabiam que haveria pessoas os esperando à noite para jantar.

Amar e não ser amado pode ser uma das piores coisas do universo, mas amar, ser amado e não poder amar é pior ainda. Saber que poderia dar certo - que era para dar - dói mais que tudo, porque te faz sentir impotente e pequeno diante da força do universo. O pior, meu amigo, é quando a vida separa dois corações que se amam. Portanto, não diga que alguém que não te ama é o amor da sua vida, pois o amor da sua vida vai te amar.

O que Einstein e o amor tem em comum? A relatividade. Se você esperar, a vida te guiará e te mostrará o caminho, pois se algo não dá certo, não quer dizer que não era para dar, quer dizer que não era para dar agora, que não era o  momento certo para este amor acontecer. O tempo é relativo, e o tempo em que sua alma ama alguém pode não ser o tempo certo para amar esse alguém.  Talvez a pessoa te ame, mas não te ame agora.
O amor é como uma flor que só floresce em uma época do ano. Cada amor floresce apenas dento de suas próprias condições especiais,  e forçar uma rosa a nascer no brejo é quase pedir para que ela nasça feia. É claro que isto também é relativo, pois o feio é muitas vezes belo, e as vezes o desafio é justamente florescer em meio às adversidades.

A flor de lótus, por exemplo, é uma flor muito especial, que espera muito tempo incubada para florescer. Quantas estações se passam antes que ela finalmente encontre a oportunidade para despertar? Este é o tipo de flor, o tipo de amor puro que já esperou muito, que foi paciente e soube o momento certo para desabrochar. 

Se o sol for muito forte ou a água muito intensa, a flor terá que se fortalecer antes de poder finalmente encontrar a luz do dia. Se a flor for de concreto, o sol e a chuva terão que cair sobre ela muitas vezes até alcançar o seu interior.  O mais forte espera o mais fraco, e o mais fraco se torna mais forte. No fundo, é disso que se trata o amor, de cuidar e de esperar, de se lapidar e de tentar, de aprender com o outro e reconhecer a pessoa certa, no tempo certo, mesmo estando longe. 


O amor demanda paciência, e uma maturidade especial para ser reconhecido. O amor é mais do que sentir. O sentimento é inominável, e o conjunto de fatores que permitem "a história" acontecer é que dá nome ao amor. Amor verdadeiro é o amor único de cada um, que está sempre conosco, não importa se milhões de anos se passaram, se estrelas caíram e mundos desmoronaram desde o ultimo olhar, pois a chama está viva, mesmo que adormecida, e ainda ilumina algum canto escuro dentro de você, e no momento certo ela voltará a resplandecer.

Como diz um ditado qualquer: Quando é para dar certo, até os ventos sopram a favor. Quem sabe Julie e Robert voltem a se encontrar? Pode não ser nesta vida, pode não ser neste mundo, mas eu acho que eles ainda vão ter a chance de se amar. Eu não apostaria contra mim. 
(Ayla Dresch)