Sabe quando há um aperto no coração mas as lágrimas se recusam a sair? Quando parece que seu corpo se consome em contradição? [...]
É como se seu coração chorasse por algo que seu cérebro não consegue aceitar. E ai você se sente uma pessoa fria por não cair no choro, por não morrer em um soluço; se sente uma máquina sem coração.
Será este choro pelo que? Por alguém ou por você mesma? Você se descobre em si ou se apega a laços que criou para se sentir completa?
Você sente ou quer sentir? Ou será que é algo mais puro ainda, algo que não pode ser assimilado? Você não está se iludindo demais? Ou será que está tão conformada que recusa a si mesma o direito de chorar?
Por que chora, se não por sentir falta do direito de tentar? Da oportunidade para tentar?
Sente injustos os obstáculos e as distâncias territoriais ou tem medo de percorre-las e lutar contra eles?
Tem medo de fracassar ou medo de ser o herói? Tem medo de não alcançar o que quer ou de enfrentar o campo de batalha?

Sei que o mar, a chuva e qualquer brisa se transmutam em sinais aos nossos olhos, e que quando uma pomba branca levanta voo à sua frente é como se suas asas murmurassem "continue, você vai chegar lá". Os sonhos se tornam mais do que nunca premonições, e qualquer coisa toma a forma que você precisar para criar uma redoma de ilusão, de motivação.

Só que esse pontapé tem que ser dado por você, tem que ser dado por mim, porque você pode e deve ir com sede ao pote, fique feliz que você tem um pote para beber. Tire a poeira do piano e comece a tocar, talvez a música que saia não seja a que você esperava, mas quem sabe você não goste? No fim você vai perceber que a música foi tocada por você. (Ayla Dresch)